17 novembro 2011

Hoje é 17/11/2011

e me lembrei deste blog, que, como já disse no primeiro texto aqui publicado, é um filho que exige textos, dedicação, mas sou desleixado e esquecido.
Para variar, publico abaixo um poema da jornalista, apresentadora de tevê e poeta Juliana Wexel.

EU QUERO UM LEXOTAN

Um lexotan, por favor!
Um lexotan, por favor,
pelas palavras bonitas presas na garganta impedidas de serem ditas pelo orgulho vão.

Um lexotan, por favor,
pelo mendigo que dorme gelado no chão, ébrio de desilusão,
farto de consumição, desolado, sem direção.

Um lexotan, por favor,
pela árvore cortada,
pelo monte de gente surtada que circula por aqui, por Paris, São Paulo e Japão.

Um lexotan, por favor,
pelas mulheres mutiladas do Afeganistão.

Um lexotan, por favor,
por quem não olha nos olhos,
por quem não vê ao seu lado
o cara que sofre de fome, de dor e em vão.

Um lexotan,
um lexotan, por favor,
pela inveja, pela maledicência, pela incompreensão dentro de nós, meus camaradas, meus irmãos,
pela mentira que se destila dos discursos da falsa política, da falsa moral, da falsa razão.

Um lexotan, por favor, um lexotan, a quem não vê a verdade como missão.

Um lexotan, um lexotan, por favor,
pela bomba atômica, pelas barragens, pelas linhagens que reproduzem miséria, falso poder e dominação.

Um lexotan, por favor,
pela criança que chora sem saber ainda porque se vive para viver,
pela mulher traída que não sabe que dignidade é amar primeiro si própria e não aquele que lhe paga a pensão.

Por favor, um lexotan,
pelos falsos homens de gravata,
que discursam bravatas em seus púlpitos feitos de ignorância e ilusão.

E por último, só mais um, só mais um lexotan,
por favor,
por quem não vê no amor a redenção.

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