27 janeiro 2012

Ano novo

Hoje me dei conta de que faz quase um mês que não alimento este blog.
O ano mudou, o verão está aí, os prédios estão caindo, os rios transbordando, as pessoas estão se matando, os políticos roubando etc. Ainda bem que nada mudou em 2012 porque para a gente se acostumar a coisas novas dá muita canseira.
O Corinthians foi campeão da copinha - Taça São Paulo de Futebol Júnior, acho que é este o nome -, mas o goleiro não ganhou medalha porque o senhor José Maria Marin, vice-presidente da CBF, foi flagrado embolsando a medalha seria entregue a ele. Esse político José Maria Marin já governou São Paulo entre 1982 e 1983.
Depois de muito meditar, penso que descobri porque esse senhor rico furtou a medalha de latão que seria entregue ao goleiro corinthiano, ele deve ser viciado em crack e, por isso, quer a medalha que deve valer alguns gramas da droga. Deve ser esse o motivo que motivou o furto da medalha, o vídeo está no youtube e no uol, foi gravado pela Band. Por favor auxiliem esse senhor a se livrar de si próprio, pois ele é péssima companhia para ele próprio.
A editora Modelo de Nuvem, de Porto Alegre, vai lançar um livro de minha autoria que se chama Desacreditações Recreativas. A editora é do poeta Marco de Menezes e de sua esposa Camila. Marco, além de grande poeta, é médico. Ele já ganhou o Prêmio Açorianos de literatura, que é o mais importante prêmio do Rio Grande do Sul. Não sei bem o motivo, mas muitos médicos saem-se bem na literatura mais do que em qualquer outra arte, vide Moacir Scliar, Pedro Nava. A escrita do Marco não fica atrás.

31 dezembro 2011

Milton dos Santos

Como falei de George Harrison, pelos dez anos de sua morte, por este mesmo motivo falo de Milton dos Santos. Morreu em 2001.
Ele era formado em Direito, porém estudou Geografia e se notabilizou mundialmente como geógrafo, sendo professor na Sorbonne.
Sei pouco dele, assisti a duas palestras e algumas entrevistas na tevê, era um cara lúcido, e uma grande inteligência. Com esses dois atributos, é certo que seria vítima da ditadura militar, passou mais de dez anos fora do Brasil depois de ficar preso. Conquistou vários prêmios internacionais e títulos de Doutor Honoris Causa, escreveu vários livros, dentre eles O Espaço Dividido, conhecido mundialmente como o melhor livro sobre urbanização de cidades da América Latina. Lecionou na USP e na UFRJ.
Um dos últimos grandes intelectuais brasileiros, eu o considero como sendo o único filósofo brasileiro, pois foi um grande pensador, com uma amplitude de visão digna de um filósofo.
Fica aqui minha homenagem ao Professor Doutor Milton dos Santos, talvez o maior pensador e intelectual brasileiro de todos os tempos.

19 dezembro 2011

+ Futebol

Domingo, minhas teses sobre futebol ficaram comprovadas com a vitória do Barça sobre o pobre Santos. Fiquei contente, não pela derrota do time do Santos, que é muito ruim, mas porque percebi que minhas opiniões sobre o fenecimento do futebol brasileiro estão corretas.
Qualquer outro time brasileiro que jogasse com o Barcelona teria destino semelhante ao Santos. Os espanhóis jogam como jogava a seleção brasileira de 1970 e de 1982 e o Santos joga como time europeu antigo. Os espanhóis trocam passes o tempo todo, até os defensores trocam passes, nem o goleiro dá aquele chute característico para o campo adversário, ele passa a bola para o defensor mais próximo e a bola vai de pé a pé até o ataque. Fora isso a qualidade dos jogadores é muito superior à dos brasileiros.
O fato de nossos jogadores serem de segunda linha leva a CBF a marcar amistosos com times como Gana, sem expressão nem na África, e não marcar amistosos com seleções tradicionais.
Messi: além de ser um craque, ajuda o time correndo de um lado para outro para tentar tirar a bola do adversário, diferentemente do que fazem os brasileiros que se excedem em individualismo e se limitam a fazer caretas, mas não se doam ao conjunto.
Técnico Muirici: é o espelho dos técnicos brasileiros modernos. Antigamente os técnicos montavam estratagemas para ganhar, os técnicos brasileiros modernos armam o time para não perder, assim como faziam os europeus, antigamente, quando jogavam com o Brasil, ele colocou muitos defensores e dois atacantes.
Porque Messi não tem o mesmo desempenho que tem no Barça quando joga pela seleção argentina? Simples: a seleção argentina é tão ruim quanto a brasileira e não tem jogadores com a qualidade dos jogadores do Barcelona. Se Brasil ou Argentina jogassem contra o Barcelona, teriam o mesmo destino do Santos.
Entrevista do técnico Guardiola a um repórter brasileiro:
- Nós jogamos como vocês jogavam antigamente.
Como a seleção espanhola utiliza quase todos os jogadores do Barcelona, prevejo que, na copa de 2014 no Brasil, apresentem futebol semelhante. Como até a copa nada vai mudar, já elegi minha seleção favorita: Espanha, a seleção de futebol mais brasileira que há.

06 dezembro 2011

Sócrates x Corinthians

Sócrates morreu de cirrose no sábado e domingo o Corinthians foi campeão brasileiro com um time de segunda linha, como de resto são os outros times do campeonato brasileiro.
Lamento o sofrimento de Sócrates com a doença, lamento o sofrimento de qualquer pessoa, aliás.
Vi o início da carreira do doutor, lembro dele no Botafogo e jogando futebol de salão pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.
No Corinthians foi o artífice da Democracia Corinthiana, termo cunhado pelo publicitário Washington Olivetto para o modelo de auto-gestão criado pelo doutor. Os "democratas" mais ativos, além do doutor, eram Vladimir, Zenom e Casagrande. O técnico era Mário Travaglini, que escalava o time em consenso com os jogadores. As contratações eram feitas somente com aval do grupo. Em 1982, a diretoria queria contratar o goleiro Leão, esse que é técnico do São Paulo atualmente, que apesar de grande goleiro sempre foi conhecido como encrenqueiro e de caráter duvidoso. Ele foi chamado para uma conversa com os quatro e disse que se enquadraria no esquema democrático, mas tão logo foi contratado, aliou-se a Vicente Mateus, que naquele momento fazia oposição, e passou a fazer campanha contra a "Democracia Corinthiana".
O diretor de futebol era o sociólogo da USP Adilson Monteiro Alves, que participou até das campanha das diretas e atualmente é dono de máquinas de jogo de azar, é incrível, mas é verdade. Esta foi uma grande decepção para todos os corinthianos.
Sócrates era um jogador fora de série em qualquer contexto do futebol, não se submetia a ninguém, fazia gols e vibrava pouco, pois sabia que o futebol era usado pelos militares da ditadura para iludir as pessoas com ideias ufanistas que ainda perduram. Era um jogador maldito, mas todos o queriam pela genialidade do seu futebol.
E por falar em maldito: ele não sabe, mas eu sei que sou primo do Afonsinho, ainda que em segundo grau. Ele foi um dos maiores jogadores da história do Botafogo do Rio, coincidentemente também é médico. Foi do XV de Novembro de Jaú para o Botafogo. Foi amigo de Sócrates. Não esteve nas copas de 70 e 74 porque o general Médici escalava as seleções, ou dava palpites, e Afonsinho, apesar de craque, não tinha o perfil exigido na época, ele moveu um processo trabalhista contra o Botafogo e ganhou direito de não mais ser escravo do clube, ninguém quer um contestador num time de futebol. Mais tarde, foi contratado pelo Santos para substituir Pelé.
Apesar do time pífio continuo corinthiano, apesar de toda a safadeza dos diretores dos clubes e da CBF, continuo gostando de futebol. Eu era sócio do Corinthians e até minha primeira namorada, em 1969, arrumei no clube.
Da década de 1960 até hoje vi todos os grande jogadores brasileiros e afirmo sem medo de errar que nunca tivemos uma seleção tão ruim e uma geração tão pobre de talentos. Acho que por isto são evangélicos, como não jogam nada, ficam à espera de milagres que jamais acontecem. Que saudade de Gérson, Almir "O Pernambuquinho", Mário Sérgio "O Rei do Gatilho", fora com os bonzinhos e caretas que não jogam nada.
No jogo final contra o Palmeiras, os zagueiros dos dois times, mesmo quando o adversário mais próximo estava havia mais de 20 metros de distância metiam o pé na bola sem dó e a mandavam para fora, por medo de matar a bola de canela, talvez. E pensar que vi Djalma Santos com a camisa do Palmeiras, Roberto Dias com a do São Paulo, só para citar alguns zagueiros craques.

Corinthians Campeão Brasileiro de 2011, é o que importa.

30 novembro 2011

George Harrison

Ontem, 29/11/2011, fez 10 anos que ele morreu.
Não foi um grande guitarrista, pelo contrário, eu o achava ruim. Um guitarrista de banda de colégio. Assim como Paul e John eram pianistas ruins, tanto que nas gravações o pianista era Billy Preston, considerado o quinto beatle. Naquele filme em que eles tocam no telhado da gravadora Apple, ao piano está Billy Preston.
Na música While My Guitar Gently Weeps o solo fica por conta de Eric Clapton, porém no disco o nome dele não aparece.
Ser ou não virtuoso em algum instrumento não significa ser ou não bom compositor. Paul e John eram ótimos compositores e muito produtivos, George produzia menos, mas mesmo assim fez verdadeiras obras-primas como I Need You, I Saw Her Standing There, Something, Here Comes The Sun e outras, além do hino dos guitarristas While My Guitar Gently Weeps.
George colocou a cítara indiana na música dos Beatles e consequentemente na música popular. David Crosby, que em 67 ou 68 havia saído do The Byrds e formado o trio Crosby, Stills and Nash ( Neil Young se juntou ao trio um ano depois ), apresentou George a Ravi Shankar que chegou a participar de algumas gravações dos Beatles.
No Youtube existe uma série de versões de While My Guitar Gently Weeps, inclusive a minha em ritmo de samba. Conversando com meu amigo Márcio Bueno, de Porto Alegre, eu lhe disse que a melhor é a do Paul Gilbert, mas ele contestou e disse que o melhor solo é o do Prince, numa homenagem que fizeram a George há uns 5 anos, o garoto que toca violão ao fundo é filho do George. Concordo com Márcio: em primeiro Prince, em segundo Paul Gilbert, e eu estou na briga pelo terceiro lugar contra Steve Lukater, Eric Clapton, Jeff Healey entre outros.
Porra, acho que exagerei. Já dei uma cacetada no ego, ele que se acalme.

17 novembro 2011

Hoje é 17/11/2011

e me lembrei deste blog, que, como já disse no primeiro texto aqui publicado, é um filho que exige textos, dedicação, mas sou desleixado e esquecido.
Para variar, publico abaixo um poema da jornalista, apresentadora de tevê e poeta Juliana Wexel.

EU QUERO UM LEXOTAN

Um lexotan, por favor!
Um lexotan, por favor,
pelas palavras bonitas presas na garganta impedidas de serem ditas pelo orgulho vão.

Um lexotan, por favor,
pelo mendigo que dorme gelado no chão, ébrio de desilusão,
farto de consumição, desolado, sem direção.

Um lexotan, por favor,
pela árvore cortada,
pelo monte de gente surtada que circula por aqui, por Paris, São Paulo e Japão.

Um lexotan, por favor,
pelas mulheres mutiladas do Afeganistão.

Um lexotan, por favor,
por quem não olha nos olhos,
por quem não vê ao seu lado
o cara que sofre de fome, de dor e em vão.

Um lexotan,
um lexotan, por favor,
pela inveja, pela maledicência, pela incompreensão dentro de nós, meus camaradas, meus irmãos,
pela mentira que se destila dos discursos da falsa política, da falsa moral, da falsa razão.

Um lexotan, por favor, um lexotan, a quem não vê a verdade como missão.

Um lexotan, um lexotan, por favor,
pela bomba atômica, pelas barragens, pelas linhagens que reproduzem miséria, falso poder e dominação.

Um lexotan, por favor,
pela criança que chora sem saber ainda porque se vive para viver,
pela mulher traída que não sabe que dignidade é amar primeiro si própria e não aquele que lhe paga a pensão.

Por favor, um lexotan,
pelos falsos homens de gravata,
que discursam bravatas em seus púlpitos feitos de ignorância e ilusão.

E por último, só mais um, só mais um lexotan,
por favor,
por quem não vê no amor a redenção.

25 outubro 2011

feiras do livro

O mês de outubro é o mês em que mais nascem pessoas, podem constatar em qualquer maternidade, principalmente na 2a. quinzena, não sei se por sincronismo da natureza, para que as crianças do hemisfério sul passem os primeiros meses de vida longe do rigor do inverno, ou se é devido ao carnaval que é época também natural de arrumação de parceiros. Tenho vários amigos e conhecidos que nasceram na 2a. quinzena de outubro, até minha mulher e eu próprio nascemos na 2a. quinzena deste mês, acho que para dar valor a esta minha teoria.
Além do poeta Carlos Drummond de Andrade, nascido em 31/10. Só de marra nasci também nesse dia, porém 51 anos depois dele.
Mas outubro é também mês em que brotam, em várias cidades do Rio Grande do Sul, as feiras do livro, dentre todas as maiores são: a Jornada Literária de Passo Fundo, a Feira do Livro de Porto Alegre e a Feira do Livro de Caxias do Sul.
Eu diria que esta última é a prima pobre, pois a de Porto Alegre é a maior feira de livro a céu aberto do planeta, a jornada de Passo Fundo não é uma feira, é um evento de literatura que reúne grandes escritores nacionais e há um concurso que premia com prêmios de valores altos os concorrentes vencedores, que habitualmente são grandes escritores de renome nacional.
Este ano participei de maneira mais efetiva da 27a. Feira do Livro de Caxias do Sul.
Conheci alguns escritores que admiro.
O patrono foi o poeta Marco de Menezes. Grande poeta.
Fim de festa. show do Luiz Melodia na praça. O show foi impagável, ele e um violonista. Um artista de primeira grandeza da nossa música. Ele se atrasou quase uma hora, quando havia decidido ir embora ele apareceu. Na primeira música, eu que estava puto da vida com o atraso, já estava relaxado. O show foi sensacional. De graça.
Na feira de Caxias do Sul foram vendidos mais de 84 mil livros em duas semanas de feira.
No dia 08/10 fui à Feira do Livro de Veranópolis, cidade próxima a Caxias do Sul, aqui na serra, do outro lado do Rio das Antas. A viagem tem paisagens belíssimas, com belvederes para se apreciar o vale profundo entalhado pelo rio na rocha basáltica.
Veranópolis é uma cidade de pouco mais de 23 mil habitantes, de colonização predominantemente italiana. Eu diria que é mais um jardim extenso, encravado na serra, do que uma cidade. Um cartão postal vivo no alto da serra. A feira era animada pelo Roger, que é um misto de ator e empresário de arte, a empresa dele fica em Bento Gonçalves, outra cidade lindíssima daqui da serra, entre Caxias do Sul e Veranópolis.
Em Veranópolis tive uma grata surpresa, a livraria Confraria das Letras - tem página na internet se alguém quiser conferir. Um espaço muito bem equipado, com decoração caprichada, café expresso, salgados, espaço reservado a crianças e livros, muitos livros. Em Caxias do Sul não há uma livraria tão agradável e espaçosa como a Confraria das Letras e acredito que somente nas grandes capitais deve haver. A proprietária é a Juliana que nos recebeu, a Sônia e a mim, de maneira muito mais do que simpática. Os banheiros são outra surpresa, a decoração inclui frases de escritores nas paredes. Cidade bonita, livraria bonita. Legal, estamos no Brasil.