15 junho 2011

Geração em literatura

Caramba, me esqueci que tinha mais um filho. Nasceu dia 1º de Maio. Ele quer comida - pode ser arial ou times new roman -, quer roupa - alguns parágrafos bastam -, o problema é esse querer sem fim, me arrumei um compromisso sem querer. Meu novo filho chama-se BLOG.
Veio junho e eu me entreguei à preguiça. Eu sabia que esse negócio de escrever em blog é mais ou menos como escrever para jornal, quero dizer bem mais para menos, porque escrevo no blog se quero, o jornalista não pode ter esse direito de querer ou não, pois é o ganha-pão do cara.
Andei lendo O Guardador de Águas de Manoel de Barros, poeta matogrossense contemporâneo da "Geração de 45", mas que a ela não pertencia, apesar de queriam o enquadrar nessa coisa de geração. Algumas perguntas e idéias me ocorreram.
Primeiro o livro e o poeta e depois a geração.
O livro é repleto de água, como o nome diz, mas não de água limpa e cristalina, mas de água servida, suja, às vezes lodosa, as coisas são antes desmolhadas do que molhadas, na visão do poeta, antes cheias de limo do que lustrosas. Águas pantaneiras barrentas. Manoel de Barros era o poeta preferido de Drummond, que dizia que ele era o grande poeta do Brasil. Drummond, por sinal ou por minha sina, permitiu que eu nascesse no mesmo dia em que ele nasceu porém 51 anos depois.
Essa coisa de geração acho uma bobagem. Nunca entendi porque têm de se agrupar os escritores em gerações, muito até gostam disso. Escrever é um ato político de solidão, então o que interessa o que os outros escrevem? Quem segue alguma tendência coloca freio no que faz. Ainda bem que comecei a escrever depois de velho, assim sou de todas as gerações desde que nasci. Aliás me identifico mais com as degenerações dos escritores do que com gerações. Estava lendo Sêneca, um de meus filósofos preferidos, o cara era avançado em sua época e atual sempre, ele é de minha geração então.
Outra bobagem ouvi de uma escritora esta semana. Ela lançou um romance e disse que a cada fala da narradora era como se ela recebesse uma facada no bucho. Que sofreu uma barbaridade escrevendo o livro, foram meses de sofrimento em cima de sofrimento. Já ouvi de vários escritores esse tipo de asneira. Se eu tivesse que sofrer para escrever, ou fazer qualquer coisa, eu não o faria. Imagino essa escritora chorando e encharcando o teclado do computador, ou se escreve à mão, com caneta, enxugando o papel com mata-borrão. Que coisa besta: já não chega o sofrimento que a vida nos impõe, ainda vai o (a ) escritor (a) sofrer para escrever. Vou ler Manoel de Barros, ou Sêneca, ou Boécio. Este último escreveu A Consolação da Filosofia na prisão, enquanto aguardava o cumprimento da sentença que o condenava à morte, nada há nesta obra de triste, de funesto, de choramingança e de sofrimento, ele aguardou a execução da sentença com serenidade, sabedoria e bom humor, assim como Sócrates tomara a cicuta de forma tão natural e desapegada. Não me interessa ler texto de quem sofre para escrever, duvido que saia algo que possa me interessar como a obra destes que citei.

15/06/2011

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