18 julho 2011

Billy Blanco x Paulo Borges

Billy Blanco morreu no dia 08/07. Foi um grande compositor e cantou as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo como poucos. Escreveu a Sinfonia do Rio de Janeiro e a Sinfonia Paulistana. Ele era paraense. Era avesso aos modismos e foi parceiro de Baden Powell, Tom Jobim, João Gilberto, mas não dá para dizer que foi compositor de bossanova: a música dele inclinava-se para o samba do morro. Formou-se arquiteto, mas nunca exerceu. Na década de 1970 formou parceria com o violonista Sebastião Tapajós. Quem não se lembra de Tereza da Praia, de Billy Blanco e Tom Jobim, nas vozes de Dick Farney e Lúcio Alves, esta pode-se dizer que era bossanova, talvez mais pelo lado do Tom do que de Billy.
Além dos The Beatles, The Rolling Stones, o samba, o choro, as modas de viola e a bossanova me fizeram companhia na infância. Meu pai era amigo do cantor Risadinha, ele era nosso vizinho, que na década de 1960 vivia entre Rio e São Paulo, esse cara era um baita sambista, tanto que era paulista e fez sucesso no Rio. Eu ouvia rock e música brasileira. Nunca consegui tocar rock, apesar de gostar, gosto dos acordes do samba e transformo os rocks em sambas, ou baião que tem estrutura muito parecida com rock. Fiz o ginásio no Colégio Arquidiocesano, um cara vinha a cada dia com uma música diferente e cantava para nós, era o novidadeiro da turma, trazia os últimos lançamentos da bossanova e cantava, ele fazia a voz do Dick Farney e do Lúcio Alves em Tereza da Praia. Encontrei esse colega depois de 30 anos, já empresário rico, relembrei a ele essas passagens, ele ficou roxo de vergonha, como se tivesse feito um crime bárbaro na juventude: cantar samba e bossanova. Fiquei com pena do cara, acho que o trabalho estafante, a pressão profissional para manter a empresa rica, deterioraram o cérebro desse colega ginásio.
Adeus Billy Blanco.
Paulo Borges morreu dia 15/07. Ponta-direita do Corinthians que marcou um dos gols da vitória de 2x0 sobre o Santos, quebrando o tabu de 11 anos sem vencer o Santos, por coincidência o Corinthians não vencia o Santos desde o início da era Pelé. O outro gol foi do Flávio Gaúcho ou Flávio Minuano, que perdia gols incríveis, mas fazia muitos, estava sempre bem colocado na área. Houve dois jogos, me lembro, e eu fui aos dois. O primeiro, acho que foi numa quarta feira à noite, foi anulado na metade devido ao temporal que caiu e inundou o Pacaembu. O segundo jogo foi na semana seguinte com portões abertos. O Corinthians havia comprado Paulo Borges e Aladim, que fizeram parte do ataque do Bangu, campeão carioca no ano anterior. Aladim não era um ponta típico, caía pelo meio e ajudava a armar o time, é o que se chamava de jogador enceradeira, apesar muito hábil. Paulo Borges também gostava de cair pelo meio, mas sempre em direção ao gol, corria meio desengonçado, o que lhe rendeu o apelido de gazela. Todos gostavam de entrevistá-lo, pois tinha uma voz anasalada e cheia de falsetes, muitos humoristas imitavam a fala dele na tevê e no rádio. Foi um grande craque, jogou na seleção brasileira e saiu para dar lugar a Jairzinho, nunca mais o chamaram. Por esse gol contra o Santos e pelo seu jeito simples logo caiu nas graças da torcida corintiana que jamais o esquecerá.
Adeus Paulo Borges.

18/07/2011

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