23 maio 2011

O que veio antes: a

música ou a literatura? Acho que é a música. Imagino aqueles australopitecos reunidos em bando, há pouco mais de dois milhões de anos, daí mamãe autralopiteca não vê por perto o Júnior, um australopitecozinho de pouco menos de cinco anos, ela grita: Juuuuuniiiinhooooo. O grito ecoa e o som volta e confunde a mente da australopitecada toda que estava reunida em torno dos gravetos que virariam fogo à noite, numa região central da Grande Mãe África, supondo que os australopitecos dominavam o fogo.
Um daqueles machos gozadores, o palhaço do grupo, imita a voz feminina e todos caem na risada. Daí todos imitam a voz que chama 'Juninho' e as vozes vão formando acordes, os compassos vão se seguindo. No outro dia o australopiteco gozador lembra-se do eco e novamente entoa Juuuuuniiiiinhooooo, todos o imitam. Esta foi a primeira canção.
Mas havia um outro grupo de australopitecos, na Etiópia, que eram dados a observar pássaros e lhes imitar o canto, o que resultou uma música mais melodiosa. Estes primitivos humanóides tiveram a ideia de fazer instrumentos, como apitos, flautins e rabecas, para imitar a voz dos pássaros e atrair os bichinhos para as arapucas. Neste grupamento de hominídeos surgiu a primeira orquestra e a música instrumental.
Bem, a escrita veio bem depois, depois até das pinturas rupestres. Não sei ao certo, mas acho que de duzentos mil anos para menos, já a música deve ter uns dois milhões de anos.
Logo após a pintura veio a escrita. As pinturas rupestres podem ser consideradas como sendo prenúncio da escrita, pois mostram cenas cotidianas daqueles seres humanos que nos antecederam. Ficou constatado que as pinturas funcionavam como um quadro de avisos: as mulheres, por falta de alfabeto e gramática, faziam desenhos nas pedras para ilustrar as tarefas a serem cumpridas pelos homens diariamente. As mulheres mais velhas orientavam as mais novas a compor os desenhos como se fosse um organograma de trabalho para os homens. Nesses desenhos vê-se homens caçando, pescando, pastoreando, recolhendo lenha. Remonta essa época a má fama das mães das mulheres que ensinavam as filhas a serem megeras dominadoras.
Esqueci de dizer o que aconteceu ao Juninho. Naquele mesmo fim de tarde, a mamãe australopiteca e alguns machos, saíram à procura do guri australopiteco. Seguiram-lhe as pegadas. Deram de cara com um pisoteio desvairado na areia seca da savana africana, num capão de mato, não muito longe, um leopardo janta o último naco do lombo do infante australopiteco Juninho. Mamãe autralopiteca se desespera e põe-se a gritar. O choro vem, ela diz 'meu Juninho', o grupo solidário à dor da mãe chora quase em uníssono. Canção triste. Talvez tenha sido esta a origem do Canto Gregoriano.
Mais triste do que esta história é eu tocando guitarra. Veja aqui www.youtube.com/watch?v=XEcfljJAM1I . Bossanovizei a canção de George Harrison, While My Guitar Gently Weeps.

23/05/2011

2 comentários:

Glauberto disse...

Talvez em vez de Juninho saísse (ou soasse) mais um Uããunhiiiiinho..

josé otavio disse...

Oi, Glauberto, obrigado pelo seu comentário. Consultei os apontamentos e os desapontamentos Michel Brunet, antropólogo francês que descobriu o Australopithecus sediba, e ele confirmou que o nome era Juninho, mas o fóssil da mãe do guri tinha a língua presa, dessa forma é muito possível que soasse Uããunhiiiiinho.

José Otavio

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